sexta-feira, 29 de agosto de 2014

#FechadoComOAranha

Estava sem tempo e sem paciência pra manter o Blog, mas foi preciso arruma-los para comentar o ocorrido ontem, na partida entre Grêmio x Santos (0x2) pelas Oitavas de Final da Copa do Brasil.

O resultado? Apesar de catastrófico para as pretensões tricolores, é o que menos importa agora.
O que realmente importa é que o Grêmio seja punido, que os torcedores que chamaram o goleiro santista, Aranha, de macaco e fizeram gestos e sons que remetem a este animal... é preciso que estes torcedores sejam identificados e presos!!!

Não há justificativa para uma atitude como esta! Vejo gente falando "Parem com isso! Vocês estão prejudicando o Grêmio..." É sério mesmo que vocês acham que o grande prejudicado nisso é o Grêmio? Pessoas preocupadas com as punições que o Grêmio pode (e deve) receber, ou com a imagem do clube, que fica danificada por casos como este! 
Vocês querem mesmo saber? Que se dane a imagem do Grêmio! Que se dane se teremos que jogar dúzias de jogos longe da Arena. Isso vai ser um preço muito pequeno a ser pago pela diretoria deste clube que, reincidentemente vem acobertando um grupo de seres preconceituosos, imorais, sem qualquer resquício de humanidade.

Tem ainda alguns dizendo que "A culpa é do time. Se o Grêmio não estivesse há 14 anos sem ganhar nada, os torcedores não fariam isso!"... Meu amigo, nada justifica o racismo! Nada justifica chamar um igual de macaco! Nada justifica este preconceito besta, que se manifesta das mais diversas formas, inclusive no futebol!

O Grêmio é um time racista? Historicamente, sim! E é até hoje? Se os responsáveis pelo clube não agirem para combater essas pessoas e combater o preconceito, de forma geral, o Grêmio permanecerá sendo um clube racista!
Todos os torcedores do Grêmio são racistas? Não! 
Eu sou gremista, não sou racista e me acho no direito de não aceitar qualquer tipo de generalização em relação à torcida gremista.
Agora, se a diretoria, através do amado presidente Fábio Koff, não tomar uma atitude radical - no sentido de ir à raiz do problema - estará dando margem e razão para a manutenção e propagação do estigma gremista de time racista e nazista!

A derrota contrubui, evidentemente, para este tipo de sentimento, mas o que o Grêmio, enquanto instituição, deveria fazer é, além de entregar tudo o possível do acontecido à polícia, banir para sempre estes torcedores do estádio, além de uma ação pública de retratação ao goleiro Aranha, e a todos os negros do Brasil, além de desistir do campeonato! Esse é mínimo!

Apesar de a FIFA não reconhecer isso, o futebol é um dos maiores símbolos de integração social! 

O próprio Grêmio já se mostrou capaz de superar preconceitos, ao reconhecer a primeira torcida gay do Brasil (a Coligay). 
Sei que a intensidade e as formas de preconceito racial vão muito além disso, mas a instituição Grêmio precisa se unir àqueles que repudiam, de fato, o preconceito e criar formas de combater, no estádio e em todas os locais de abrangência do clube, este mal que assola nossa sociedade.

#FechadoComOAranha

terça-feira, 8 de julho de 2014

Errei

Venho muito humildemente admitir que eu errei.

Errei ao pensar que o Brasil, por tudo e com tudo, teria pagado pra ganhar esta Copa.
Errei ao pensar que o futebol, tão incrivelmente apaixonante, se renderia à mesquinhez de interesses políticos e econômicos. Não que eu ache que realmente não seja assim. Sei que é.
Mas a derrota da Seleção Brasileira me fez voltar a ter fé e a crer mesmo que inocentemente, mesmo que ingenuamente, que o futebol ainda resiste a esta situação.
Se são interesses políticos e econômicos que convocam a seleção; se Neymar esteve fora da partida para poupar sua imagem (afinal, é do que ele vive: da pseudo imagem de craque construída a seu respeito); se o Brasil só recebeu a Copa por causa destes interesses... tudo isso pode ser discutido, mas em outro momento.

Agora me cabe constatar que, se a política e a economia interferem e muito no futebol, não foram, ao menos, capazes de levar este vergonhoso time do Brasil a uma final de Copa do Mundo, deixando pra trás a genial e impressionantemente completa Seleção Alemã.
Muito pelo contrário.
A Alemanha jogou uma partida acima da média, mas nada muito além do seu normal. Erraram passes no ataque e principalmente na defesa; perderam muitas chances claras de gol; deixaram seu setor defensivo desguarnecido por algumas vezes.
Mas a mediocridade do Brasil perante a qualidade da Alemanha foi tão grande que o 7x1 explica perfeitamente o que foi o jogo.

O Brasil não era nem de longe um dos melhores times da Copa. Não tem sido, desde 1982. Pelo menos 10 ou 15 equipes vinham jogando melhor neste mundial, tinham um elenco melhor e poderiam/deveriam ter chegado mais longe. Perdeu porque tinha que perder e como deveria ter perdido ainda na primeira fase.

E a Alemanha é de longe o melhor time da Copa, ganhou e goleou porque fez por merecer e porque tem um dos melhores, mais completos e mais letais times de futebol que eu já vi jogar. Um punhado de jogadores excepcionais que montaram um time quase imbatível.
Vai ganhar o mundial e entrará, com todos os seus méritos, para a história do futebol.


Viva a Alemanha! Viva o Futebol! Viva o Bom Futebol!

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Chile: Uma surpresa para campeões e vices?




É isso que terão pela frente os finalistas do último Mundial, Espanha e Holanda, se não se prepararem e muito para encarar a competitiva e equilibrada seleção Chilena.

De fato, não é sorte e nem desejo de ninguém que possa evitar, ter que encarar logo na primeira fase as duas seleções que decidiram a última Copa do Mundo, ainda que nenhuma de ambas tenha conseguido manter o nível do futebol com que chegaram a Johanesburgo em 2010. Mas, se o Chile realmente tem pretensões ousadas para a Copa no Brasil, terá de encarar estas duas duras batalhas.
E para isso contará com aquela que muito julgam como a melhor geração de futebolistas chilenos de todos os tempos.

Mas vamos com calma.
Gerações como a de 1962, quando chilenos jogavam a Copa do Mundo em casa, e que terminou o mundial em 3º lugar; ou então a geração de 1998, com o fantástico ataque formado por Marcelo Salas e Iván Zamorano; ou mesmo a geração que esteve no último mundial em 2010, na África do Sul, que acabou como 10º colocado, eliminado pelo Brasil (assim como em 1998).

Mas quando pensamos nas potencialidades de cada um dos jogadores convocados pelo excelente treinador, Jorge Sampaoli, não é tão absurdo admitir que o Chile venha melhor do que nunca para uma Copa do Mundo.

Setor por setor:
- O experiente goleiro Cláudio Bravo que, embora não seja um exemplo perfeito de segurança, tem rodagem e é capitão da equipe;
- A defesa chilena, embora com nomes de boa qualidade, ainda é o ponto mais deficitário da equipe: Maurício Isla (Juventus), Gary Medel (Cardiff City), Marcos González (Unión Espanhola) e Gonzalo Jara (Nottingham Forest), embora individualmente tenha suas virtudes – sobretudo Isla e Medel – ainda não conseguiram formar um setor de marcação compacto e seguro;

Mas é do meio para frente que a equipe mostra sua real qualidade!

Valdívia: o cérebro de La Roja
- O meio povoado com um volante de contenção, Marcelo Díaz (FC Basel); o versátil Arturo Vidal (Juventus), incansável na marcação e no ataque, em igual medida; o excelente volante-apoiador Charles Aránguiz (Internacional); e o mais conhecido dos brasileiros, Jorge Valdívia (Palmeiras) que, quando está no auge de sua forma física e de seu empenho para com a equipe, tem uma visão de jogo como poucos no mundo;

Aléxis Sanchez: pôs Neymar no banco.

- E no ataque, o veloz e habilidoso Eduardo Vargas (Valencia), típico atleta que, quando veste a camisa de seu país, vira craque; e o astro-mor da constelação chilena, Alexis Sánchez (Barcelona), bom finalizador, veloz e sempre bem posicionado, e deixou no banco em boa parte da temporada o “pseudo-craque” Neymar.



Além disso, as peças de reposição à disposição de Sampaoli também têm seus méritos, como o jovem meia Felipe Gutiérrez (FC Twente); nem tão jovem, mas com igual potencial no meio-campo, Matías Fernández (Fiorentina); além do jovem lateral Miliko Albornoz (Malmö FF), que tem pintado entre os titulares nos amistosos preparatórios da seleção chilena.

Mas o grande problema da seleção chilena não são as certezas e as afirmações, mas as dúvidas que pairam sobre o elenco.
Qual será a condição física de Valdívia e Vidal?
Conseguirá Vargas manter o nível de suas espetaculares atuações por sua seleção?
Terá Sampaoli o mesmo sucesso de quanto comandou a Universidad do Chile?
Conseguirá a frágil defesa se segurar e sofrer menos gols do que o veloz e letal ataque será capaz de marcar?
Será a seleção chilena capaz de derrotar os atuais campeões e vices logo na primeira fase, conquistando o primeiro lugar do grupo, assim evitando – de acordo com o esperado – um confronto cedo demais contra os carrascos brasileiros?

São dúvidas e incertezas que pairam sobre La Roja, mas que esta geração fantástica tem plenas condições de extirpar, superando a desconfiança e galgando um lugar entre os melhores do mundo.

Os chilenos vem ai e não é para brincar!
Em pé: Isla, Bravo, González, Vidal e Mena
Agachados: Sánchez, Valdívia, Medel, Díaz, Vargas e Aránguiz.




O Brasil para a Copa do Mundo!

Minha avaliação da lista de convocados por Luiz Felipe Scolari:
Julio César:
É um goleiro que está no ponto. Pra entregar outra copa. Saiu da reserva da segunda divisão inglesa para o fraquíssimo campeonato dos Estados Unidos e nem assim conseguiu se destacar. Mas, não sei como, tem a confiança do Felipão.

Jéfferson:
Há tempos vem buscando espaço na seleção. Apesar de pouco atuar, era convocado frequentemente. Fez por merecer estar na lista.

Victor:
O melhor goleiro do Brasil na atualidade. Praticamente deu o título da Libertadores ao Atlético Mineiro em 2013 e manteve o alto nível este ano. Passou por uma “crise técnica” após não ser convocado para a copa de 2010, quando também vivia grande fase jogando pelo Grêmio, mas recuperou a confiança a tempo de estar na lista deste ano.

Daniel Alves:
É praticamente uma unanimidade. Não é craque, mas cumpre bem o sue papel e tem muita qualidade no apoio ao ataque, inclusive tendo participação importante na armação das jogadas ofensivas. Mas às vezes deixa a defesa exposta, obrigando os volantes a guardarem posição.

Maicon:
Há tempos não vive sua melhor fase, mas recentemente vem recuperando seu bom futebol. Provavelmente jogará pouco, isso se chegar a jogar, mas não comprometeria em caso de necessidade.

Marcelo:
Outra unanimidade. Um dos melhores, senão o melhor lateral da atualidade. A única coisa que lhe compromete, além do cabelo, é o temperamento esquentado. Se conseguir se controlar, fará um grande mundial.

Maxwell:
“Na falta de alguém melhor, vai ele mesmo!” Esse deve ter sido o pensamento do Felipão ao convocá-lo. Mas para quem viveu de Roberto Carlos até pouco tempo atrás, não é má opção.

Thiago Silva:
Incontestável e insubstituível. O melhor zagueiro do mundo da atualidade. Não tem ninguém à sua altura para lhe fazer companhia, muito menos para substituí-lo.

Davi Luiz:
É um ótimo defensor quando faz o simples, mas inventa muito. Sobe ao ataque desgovernadamente, deixando a defesa exposta. Isso sem falar do cabelo feio. Se Felipão conseguir fazer ele ficar na defesa já é grande coisa.

Dante:
Tinha opções melhores, mas aproveitou muito bem as chances que teve na seleção e garantiu sua vaga.

Henrique:
Prefiro não comentar. Apenas estou esperando o Felipão dizer: “Pegadinha do malandro!!!”.

Luiz Gustavo:
É o craque tático, faz o simples e não erra, Cobre muito bem as subidas dos laterais. Mas tinha opções melhores.

Paulinho:
Na minha opinião, é uma mentira! É nulo tanto no ataque quanto na defesa. Apenas cerca os adversários, mas não marca. Tem um ou dois lances de genialidade durante todo o jogo e depois some. E ainda por cima está fora de forma, na reserva em seu clube.

Ramires:
Um dos melhores brasileiros da atualidade. Deveria ser titular, pois, ao contrário do Paulinho, sabe marcar e ofensivamente também é muito bom e, apesar dos desentendimentos com a comissão técnica, não tinha como ficar de fora.

Hernanes:
Não é mau jogador, principalmente ofensivamente, mas acho que Felipão deveria ter optado por mais um primeiro volante. Se Luiz Gustavo se machucar ou estiver suspenso, vai ter que improvisar.

Fernandinho:
Gosto muito de vê-lo jogar como terceiro homem do meio de campo, sem tanta responsabilidade na marcação, apesar de poder atuar como volante também. É uma espécie de coringa da seleção, tem muita disposição e qualidade técnica.

William:
Está jogando como nunca jogou na vida, por isso foi convocado. Apareceu para o mundo há pouco tempo e demonstrou técnica e habilidade. Seria muito bom tê-lo no time titular, ao lado de Oscar na armação, pois além de qualidade os dois têm entrosamento.

Oscar:
Às vezes fica sobrecarregado por não ter companhia na armação, já que os volantes não apóiam e quando os laterais sobem ao ataque, ele tem que ficar na cobertura. O que confirma a afirmação de Paulinho é nulo, tanto no ataque quanto na defesa e o principal afetado por isso é o camisa 10, que mesmo assim vem tendo grandes atuações pela seleção.

Bernard:
Tem muita velocidade e habilidade, mas precisa ser mais objetivo. Esse mundial vai fazer com que ele adquira experiência e amadureça, para daqui quatro anos poder fazer a diferença de verdade.

Hulk:
Para conseguir se destacar precisa que o time jogue para ele. Mas, por incrível que pareça, Felipão conseguiu fazê-lo parar de pensar que é craque e jogar pelo time. Mas ainda não me convenceu. É limitado tecnicamente e a perna direita serve só pra subir escadas.

Neymar:
É a grande esperança dos brasileiros, o que na minha opinião é demais para um garoto. Muitos vão falar de outro garoto de 17 anos que foi considerado craque ao dar o titulo à seleção em 1952. Mas a única coisa que Pelé e Neymar têm em comum é o clube de origem. Neymar é muito bom jogador, mas não tanto quando dizem. Tem muita habilidade com a bola nos pés e é excelente finalizador, mas ainda precisa evoluir para chegar ao status de craque. Mas ainda assim é a melhor esperança do Brasil na busca do título.

Jô:
Devido à escassez de centroavantes em boa fase, se tornou uma das melhores e mais prováveis escolhas de Felipão. Tem muito mais qualidade que Fred, e ainda assim é ruim. Mas a fase é boa e é matador.

Fred:
É uma piada. Tão ruim quanto eu, ou até pior. Mas falar dele é fácil, difícil é ele dominar a bola. Mesmo com poucas opções de qualidade para o ataque, ele seria uma das últimas escolhas. Só faz gol se a bola sobrar pra ele, sem goleiro e embaixo das traves. Tem mais sorte do que qualquer jogador que eu tenha visto. Faz uma quantia considerável e surpreendente de gols, mas a quantidade de chances que perde não compensa. Mas é um cara gente boa, bom de grupo e Felipão confia nele (risos).

Possíveis opções para cada posição:
Goleiros:
Diego Alves (Valencia): é muito seguro e apesar de ainda novo, tem experiência internacional. Titular na minha opinião.
Fábio (Cruzeiro): há anos vive grande fase, mas não é um dos três melhores.

Laterais:
Rafinha (Bayern Munique): é completo, tem disposição, velocidade e técnica. Talvez ocupasse o lugar do Maicon.
Filipe Luis (Altético de Madri): é esforçado e compensa a falta de técnica com muita disposição. Fez grande temporada pelo Atlético de Madri.
Alex Telles (Galatasaray): vão rir de mim, mas é o futuro da seleção e sou a favor de dar experiência aos possíveis futuros craques. É muito bom jogador.

Zagueiros: (Poderia citar dezenas de jogadores melhor que o Henrique)
Miranda (Atlético de Madri): grande temporada e há anos vem se destacando na Europa. Titular na minha opinião.
Marquinhos (Paris Saint-Germain): também para ganhar experiência, mas já é uma realidade, grande zagueiro!

Volantes:
Sandro (Tottenham Hotspur): Como admirador da posição, tenho que admitir que o Brasil não tenha ninguém com sua qualidade.
Lucas Leiva (Liverpool): Muita raça, coisa que falta na seleção do Felipão. Gosto muito desse jogador.
Fernando (Shaktar Donetsk): outra boa opção de primeiro volante, podendo sair para o ataque com qualidade também.

Meias:
Douglas Costa (Shaktar Donetsk): Parece esquecido dos brasileiros, mas quem acompanha sabe que desde que foi jogar na Ucrânia, evoluiu muito é excelente armador.
Everton Ribeiro (Cruzeiro): melhor jogador no brasileirão em 2013, já merecia uma vaga na seleção.
Philippe Coutinho (Liverpool): fez grande temporada no Liverpool e deu muita qualidade ao time que
há tempos dependia do já veterano Gerrard. Tem técnica apurada e muita habilidade. Titular no lugar de Hulk, na minha opinião.

Atacantes:
Luiz Adriano (Shaktar Donetsk): também esquecido no Leste europeu, há anos se destaca pelo Shaktar, clube que por sinal teria diversas opções para Felipão.
Alan Kardec (São Paulo), Hernane (Flamengo), Luis Fabiano (São Paulo), Damião (Santos), Pato (São Paulo), Caça-Rato (Santa Cruz), Éderson (Atlético-PR), Bruno Rangel (Chapecoense), Rafael Moura (Internacional), Zulu (Juventude), Sandro Sottilli (aposentado), Gustavo Papa (Brasil de Pelotas), Eu, minha vó e com o perdão da palavra, até o Papa de verdade, mesmo sendo argentino, é melhor que o Fred.
E a seleção ainda contaria com uma “ajuda divina”.

Texto escrito por Diogo Conti

sexta-feira, 30 de maio de 2014

"Les bleus" sem um Zidane ou um Platini

Federação de Futebol da França
Nossos carrascos nas recentes edições de Copas do Mundo vêm ao Brasil com uma seleção bastante renovada e, também por isso, um tanto inexperiente.

Mas vamos voltar um pouquinho no tempo: o que há, por exemplo, de diferente nas duas grandes gerações francesas na histórias das Copas - 1986 e 1998?
Zidane levanta o único título mundial da França até agora.
Basicamente, as duas eram comandadas por um grande craque: Platini em 1986 e Zidane, 12 anos depois. Mas ao contrário de 1998, quando o time francês, como um todo, era uma grande equipe - desde Barthez, passando por Thurram, Vieira, Petit e, claro Zizou - em 1986 a França tinha em Michel Platini e no jovem promissor Jean-Pierre Papin as suas grandes e únicas esperanças.
Embora muitos achem estranha e até duvidosa a vitória por 3x0 da equipe Les Bleus sobre o Brasil, não foi!
A geração francesa era de grande qualidade técnica, com uma defesa consolidada e muito segura, um meio-campo criativo e um ataque letal. Por isso é um erro pensar que o Brasil seria campeão naquela Copa, mesmo sem Ronaldo.

Platini: para muitos o maior futebolista francês da história
Mas para 2014, qual a grande diferença entre a atual geração francesa se compararmos com 1986 ou 1998?
Falta um Zidane!
Falta um Platini!
Falta alguém que, na hora da necessidade, quando a equipe mais precisar, decida, carregue o time nas costas. Nem Ribéry que, apesar de grande jogador, ainda está longe de ser um craque como foram seus antecessores. Nem Benzema que, apesar de bom atacante, ainda precisa muito para honrar a camisa 9 francesa. Nem Pobga, que um dia pode vir a ser esse cara, mas ainda precisa de rodagem para ganhar experiência e chance de provar o seu potencial.
Nem Nasri, nem Abidal e nem Clichy, que o técnico Didier Deschamps (que estava no elenco francês campeão em casa em 1998) acabou não convocando para a Copa. Nenhum deles seria o nome para carregar a França sobre seus ombros, ainda que todos eles, em sua medida, farão falta ao elenco franco.

Mas vamos trabalhar com o que temos.
Uma defesa firme, embora por vezes inconstante. O bom goleiro Lloris (Tottenham Hotspur), o jovem e promissor zagueiro Varane (Real Madrid), o veterano lateral Evrá (Manchester United) e o também jovem mas muito seguro zagueiro Sakho (Liverpool).
No meio estão os grandes destaques dessa nova geração francesa: volantes que marcam bem e saem para o jogo com muita qualidade: Matuidi (PSG), Cabaye (Newcastle) e Valbuena (Olympique Marseille); dois armadores que aliam experiência e juventude, ambos com muita qualidade: Ribéry (Bayern Munique) e o jovem Paul Pogba (Juventus), eleito o melhor jogador do último mundial sub-20.
E no ataque, opções razoáveis. Giroud (Arsenal) e Benzema (Real Madrid) não exímios centroavantes do mais alto nível do futebol mundial, mas são boas opções que podem completar jogadas criadas pelo meio-campo qualificado do franceses.

Mesmo não sendo "cabeça-de-chave" no sorteio do Mundial de 2014, a França acabou caindo num grupo relativamente fácil, contra a fraca Honduras; a Suíça, que nunca costuma faz mal a ninguém; e a incógnita que é o Equador, mas que também não deve oferecer muita resistência.
Passando de fase como primeiros colocados no grupo E, franceses podem ter nova "moleza" nas oitavas, pois pegariam o segundo colocado no grupo da Argentina, que deve classificar em primeira. Assim, um possível adversário seria a Nigéria e a Bósnia, que, convenhamos, teriam poucas chances, mesmo diante desta geração renovada da França.

Assim, é bom ficarmos de olhos abertos, pois, mesmo sem um Zidane ou um Platini, a França tem condições de crescer no mundial, mesmo trilhando caminhos relativamente fáceis.

Los "Hermanos" e a esperança em Messi.

Associación de Fútbol da Argentina
Depois de certo vexame na última edição, com fraca atuação de Messi e uma eliminação vergonhosa para a Alemanha por 4 a 0 nas quartas de final, muitos apostam nos “Hermanos”. Porém, eles chegam ao mundial como uma incógnita: será que o melhor jogador do mundo de 2009 a 2012 conseguirá desencantar nesta Copa? O forte ataque portenho conseguirá se sobrepor à sua frágil defesa?

É a hora e a vez de Messi mostrar que é craque e gravar seu nome como um dos maiores jogadores da história da Argentina e do mundo. Todo mundo espera que ele “desencante” em Copas. Em 2006 era reserva por ser muito novo. Em 2010, apesar de alguns lampejos, não mostrou seu potencial e saiu da África do Sul sem marcar um gol sequer. Ninguém duvida da sua qualidade, mas para ter o direito de finalmente poder ser comparado a Diego Maradona, ainda que injustamente, ele precisa dar o terceiro título de Copa do Mundo aos argentinos.

Na primeira fase espera-se que a Argentina tenha vida fácil: no mesmo grupo que Nigéria, que é a seleção que mais pode oferecer resistência ao poderoso ataque; Bósnia, o time que mais pode ameaçar a inconstante defesa; e Irã, que é um dos principais candidatos a saco-de-pancadas de toda a copa.
O provável é que a Argentina termine a fase classificatória com nove pontos e sem nenhum susto. Daí pra frente é que é o problema. Contra seleções fortes, com ataques mais qualificados, a defesa argentina vai ser colocada a prova e o estrelado ataque realmente precisará mostrar seu real poder de fogo.

Do meio de campo pra frente é praticamente uma constelação: Mascherano é o xerife da equipe e, como admirador de bons volantes, aposto que será peça fundamental em uma possível campanha bem-sucedida. Fernando Gago é outro bom jogador que forma ótima dupla com Mascherano.
Na armação, Maxi Rodriguez terá a chance de repetir o excelente mundial que fez em 2006, na Alemanha com direito a golaço salvador na prorrogação contra o México nas oitavas-de-final. Jogando ao lado dele, titular absoluto e uma das grandes esperanças dos argentinos: Ángel Dí Maria, que alia velocidade, qualidade na armação e na finalização e muita habilidade, tendo sido o principal destaque do Real Madrid, recentemente campeão europeu.

Messi, Higuaín, Agüero e Di Maria: os grandes nomes do futebol portenho.
o ataque é uma posição que deve gerar muita dor de cabeça para o técnico Alejandro Sabella. Messi é incontestável e então sobram três excelentes atacantes para no máximo duas vagas no time titular, caso for optado pelo esquema 4-3-3: Agüero é o mais provável titular, pois vem de várias temporadas jogando em alto nível e já mostrou tanto pelo seu clube, Manchester City quanto pela seleção que tem capacidade de decidir partidas difíceis; Higuaín, que fez boa temporada no Napoli , e Lavezzi, que apesar da sombra de Cavani e Ibrahimovic, tem se destacado no PSG. Os três disputam uma possível terceira vaga no estrelado ataque argentino, que ainda conta com o experiente Palacio e a contestável ausência de Tévez na lista de convocados.

O ponto fraco, e muito fraco por sinal, é como sempre a defesa. Na maioria são jogadores veteranos e que apesar de certa qualidade, são muito inconstantes e costumam falhar. Nomes conhecidos na Europa como Otamendi, do Porto - atuando por empréstimo no Atlético-MG; Ezequiel Garay, do Benfica; Pablo Zabaleta do Manchester City são os principais destaques do setor defensivo argentino, embora nunca se saiba o que esperar deles.
O goleiro, Sérgio Romero, que apesar de praticar defesas difíceis, também falha muito e não transmite segurança. Podemos esperar muitas lambanças da zaga, alguns frangos, muitos cartões e muitos gols também.

Toda essa geração de excelentes atacantes têm provavelmente mais duas copas pela frente. Messi, por exemplo, terá 34 anos em 2022.
Um craque ainda sem Copas

E eu mesmo não sendo argentino, espero que ele tome gosto por mundiais, afinal é bom demais ver o baixinho jogar.





Texto publicado por Diogo Conti

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Não sei, não conheço, nunca vi!

Venho humildemente admitir que pouco ou nada conheço sobre a seleção do Irã, classificada para a Copa do Mundo no Brasil, em Junho próximo, e que esta postagem é muito mais investigativa do que informativa.

Emblema da pouco conhecida seleção do Irã.
Historicamente, o selecionado do Irã conquistou três títulos consecutivos da Copa da Ásia (1968-1972-1976). Além disso, classificou-se para 3 edições de Copa do Mundo, mas sempre acabou eliminado na primeira fase.

Para classificar para o mundial, apesar de pouco comentada, mas reconhecidamente limitada, o Irã conseguiu ficar à frente de um grupo com a renovada Coréia do Sul, a surpreendente seleção do Uzbequistão, além dos indecifráveis Catar e Líbano. Inclusive os iranianos, contam com uma grande vitória por 1x0 contra os sul-coreanos em Seul.
Ali Karimi: maior ídolo da história do futebol iraniano.

Contudo, depois do tri-campeonato asiático, talvez o grande fato que marca o futebol iraniano é a volta à seleção do maior ídolo da história do esporte no país: Ali Karimi. 
Meio-campista habilidoso, ótimo passador e com rodagem por clubes como Bayern de Munique e Schalke 04, Karimi é chamado de "Maradona da Ásia", por seu grande potencial. 
Guardadas as devidas proporções, a volta de seu maior ídolo - ainda não certa para o mundial - traz uma luz a um time sem grandes nomes e sem grandes expectativas para a competição.





Além de Karimi, outros jogadores que podem ajudar o Irã a, talvez não surpreender, mas ao menos a realizar uma campanha honrosa são o goleiro Daniel Davari, que atua no futebol alemão, os meias Javad Nekounam - que depois de quase dez anos no espanhol Osasuna, joga pelo Kwait FC - e Ashkan Dejagah, um dos principais destaques da seleção, e que atua pelo Fulham, da Inglaterra; além do atacante Reza Ghoochannejhad, que atua pela Charlton Athletic, da segunda divisão inglesa, e que tem sido o melhor nome dos jogos recentes de sua seleção.

No sorteio para a Copa do Mundo de 2014, o Irã foi, teoricamente, bem sucedido, afinal, apesar de ter que enfrentar os argentinos Messi, Agüero e Cia., há, mesmo que remota, a possibilidade aos iranianos de classificação. Ainda assim, é uma classificação muito complicada, visto que as seleções de Nigéria e Bósnia são mais completas e qualificadas.

É uma tarefa difícil para o técnico português Carlos Queiróz e seus comandados. Talvez uma das mais complicadas entre os 32 classificados para o mundial. Porém, às vezes o fato de não conhecermos a equipe não significa que ela não poderá nos surpreender.

Seleção Iraniana: a menos conhecida da Copa do Mundo.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Grécia: a seleção dos feitos homéricos!

Grécia: um país recortado por muitas e muito belas ilhas; uma civilização multi-milenar; uma cultura e uma mitologia fantásticas... e um futebol mediano.

Localizada no extremo Sul da região balcânica, numa área estratégica entre o Sul da Europa e sua ligação via Mediterrâneo com a Europa e com a Ásia, historicamente a Grécia é uma das civilizações mais antigas e mais bem estruturadas do Ocidente.

Zeus, o deus dos deuses na mitologia grega.
Sua mitologia é, sem dúvidas, uma das mais reconhecidas e revisitadas da história da humanidade, mesmo em nosso dia-a-dia. Quem nunca imaginou o Olimpo, rodeado por Zeus, Posseidon, Apolo, Afrodite, Hermes, Hera e Cia. além de Hércules, ninfas, sátiros, etc?

Além disso, a Grécia é considerado o berço de conceitos como o de democracia, da filosofia ocidental, da literatura ocidental, da ciência política e das artes cênicas. Mas para o assunto que queremos tratar - mesmo que não diretamente - a maior invenção da civilização grega foi, certamente, a dos Jogos Olímpicos, seja em sua versão Antiga, mas sobretudo na chamada Era Moderna dos jogos.

A ideia de reunir os melhores competidores do mundo em suas respectivas modalidades, todos em um único evento, é o que move as Olimpíadas e o que mobiliza o "planeta bola" também para a Copa do Mundo. E é para a Copa do Mundo que a Seleção Grega de Futebol vem ao Brasil em 2014.

Seleção Grega comemora o título da Euro/2004.
No futebol, como na história de sua civilização, onde se acumulam feitos Homéricos ou Hercúleos - como preferir definir - a seleção grega precisa de um quê de heroicidade para conquistar resultados expressivos. 
São apenas duas participações em Copas do Mundo (1994 e 2010), além desta próxima, e apenas três participações em Eurocopas, tendo alcançado o título, 10 anos atrás, em Portugal, numa fantástica final contra os donos da casa. Um feito histórico, heroico, homérico, hercúleo e todos os adjetivos que possam ser conferidos e que dignificam uma seleção sem brilho e sem glórias.

Seleção Grega de Futebol

Para 2014 o time grego não aponta muitos sinais de melhoras. É formado predominantemente por jogadores veteranos, que já fizeram seu melhor pelo país e que hoje não rendem tanto quanto um dia já renderam. E a safra de renovação não é boa: são jogadores medianos que não conseguem se firmar em seus clubes. Além disso, faltam boas opções de reposição ao técnico português Fernando Santos.

Os principais nomes que vem ao Brasil são os já conhecidos Karagounis, atualmente no Fulham, da Inglaterra; do PAOK o atacante Salpingidis e o meia Katsouranis; e o gigante Samaras, que atua no campeonato escocês pelo Celtic.
Elenco grego que vem ao Brasil em Junho.

Da nova geração, nomes que podemos destacar são os defensores o Olympiacos Holebas e Maniatis, além do também defensor Sokratis, do Borussia Dortmund e o lateral Torosidis, da Roma.

Como podemos ver, e como tem sido recentemente na história do futebol grego, a defesa vem em primeiro plano. Não perder é o primeiro objetivo.

Porém, infelizmente para a nobre e grandiosa cultura grega, isso é muito pouco.
E para enfrentar um grupo, que não é dos mais fortes, mas um dos mais nivelados, uma defesa razoável não é suficiente.
Por isso, por mais que a Grécia possa estar (quase) no mesmo nível de seus adversários, uma classificação à segunda fase da Copa do Mundo seria uma surpresa bastante grande.
E a chegada da Grécia às fases finais do mundial... isso sim seria um feito homérico.











Onde os Estados Unidos não imperam!

É de conhecimento público e geral o tamanho do poder de influência e de coerção do Estados Unidos da América em relação aos demais países do mundo, sobretudo nos campos da cultura, da economia e da política. É o espírito "apaziguador" do americano, cumprindo seu papel de "mediador dos problemas mundiais", publicados no problemático e soberbo "Destino Manifesto".
Tal prepotência é amparada por um arsenal militar, como todos sabem, amplo e com alto poder de destruição, e pela capacidade de persuasão da maior economia mundial, com um PIB que representa aproximadamente 23% de todo o dinheiro circulante no planeta - cerca de 15 trilhões de dólares - segundo dados de 2012 do FMI.

Todo este poder financeiro acaba sendo refletido na questão esportiva, afinal, os investimentos no desenvolvimento da prática de determinados esportes, iniciados desde a infância dos jovens estadunidenses, são muito maiores. É assim em boa parte dos esportes coletivos, em que os EUA são, se não a maior, uma das maiores potências em competições internacionais. É o que acontece, por exemplo, no voleibol, no basquetebol, no rúgbi, no beisebol - considerado o esporte nacional - além das individualidades que acabam despontando em outros esportes, também graças à condição financeira que permite o acesso aos mais variados e mais avançados campos de treinamento de praticamente todos os esportes.

Contudo... para nossa alegria, ou para a tristeza dos americanos, o futebol - o nosso futebol, ou o soccer para eles - é uma das poucas modalidades esportivas que eles ainda não estão na elite, pelo menos no masculino, visto que no feminino a seleção norte-americana já é uma das potências.

US Team vem ao Brasil em busca de melhores resultados.
Quatro títulos da Copa Ouro da CONCACAF (equivalente à nossa Copa América); um terceiro lugar na primeira Copa do Mundo no longínquo ano de 1930; e um 2º e um 3º lugar em Copas das Confederações - (2009 e 1999, respectivamente). Estes são os resultados mais expressivos dos atletas da terra do "Tio Sam" em competições internacionais. Poucos e pouco expressivos, se considerarmos a consolidada grandeza deste país em outras modalidades esportivas.

Mas está muito enganado quem pensa que o US Team é fraco e vem ao Brasil só para ser coadjuvante. Talvez, pelas dificuldades que irão encontrar, acabem sendo mesmo meros coadjuvantes. Porém, é uma equipe bem estruturada, defensivamente um tanto instável, mas com um meio campo forte e ofensivamente muito produtiva. Além disso, conta com um treinador muito inteligente - o alemão Jürge Klinsmann - e um elenco bastante misto entre jovens como o meia Julian Green, do Bayer de Munique e o atacante Juan Agudelo - colombiano naturalizado estadunidense - que atua no New England Revolution, emprestado pelos holandeses do Utrecht.
Landon Donovan, grande destaque da seleção norte-americana.
Jogadores já consagrados no mundo do futebol, como o volante Jermaine Jones, do Besiktas da Turquia; o ótimo goleiro Tim Howard, com passagem pelo Manchester United e há quase 10 anos titular incontestável da meta do Everton; o meia-atacante Clint Dempsey - capitão da equipe - hoje atuando pelo Seattle Sounders, e que já jogou na Premier League por Fulham e Tottenham; e o atacante Landon Donovan (foto ao lado): um dos mais consagrados jogadores americanos de futebol, ídolo máximo do esporte no país e com passagens pela Alemanha e Inglaterra, ainda que seu grande sucesso tenha sido e continue sendo na MLS, jogando pelo milionário Los Angeles Galaxy.
E ainda, jogadores que chegam ao mundial na grande fase de consolidação de suas carreiras, como o bom atacante do Sunderland, Jozy Altidore; o volante Michael Bradley, companheiro do goleiro brasileiro Julio César no Toronto FC; também no meio-campo são peças importantes de Klinsmann o sérvio-americano Sacha Kljestn, do belga Aderlecht; Brek Shea do Stoke City e Alejandro Bedoya, jogador do Nantes, da França.

Não fosse o fato de ter caído no complicado Grupo G da Copa do Mundo, com a fortíssima Alemanha, Portugal de Cristiano Ronaldo, e a sempre qualificada seleção de Gana, a certeza de que teríamos os Estados Unidos nas Oitavas-de-Finais do mundial seria muito maior. Contudo, por culpa deste grande azar no sorteio, e pelo calor que pode enfrentar jogando em Natal, Manaus e Recife, acho muito complicada e muito pouco provável uma classificação americana.

Sendo assim, continuará sendo o futebol uma das modalidades esportivas onde o poder econômico e político norte americano ainda não consegue interferir e continuará a hegemonia nas mãos de sul-americanos e europeus.













sexta-feira, 14 de março de 2014

De Roger Milla à Samuel Eto'o: Camarões na Copa do Mundo

Um país cujo território permaneceu quase que totalmente livre das invasões europeias, pelo menos até metade do século XIX, mas que se tornou, depois disso, colônia alemã, e no período pós-Primeira Guerra Mundial, virou alvo de intensa disputa entre franceses e ingleses, até a sua independência, em 1961.

Hoje o país é uma força econômica no continente africano, sobretudo por seu território relativamente vasto, e bastante propício à agricultura, com destaque para a produção de café, algodão e outros produtos. Contudo, como é de conhecimento da maioria, a divisão de renda em países como Camarões e muito desigual, tornando um país muito rico, com boa parte da população extremamente miserável.

No futebol, toda a grandeza do país está representada em conquistas: 4 títulos do Campeonato Africano de Nações; campeão da Copa das Nações Afro-Asiáticas em 1985; campeão do futebol nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, além de campanhas destacadas em Copas do Mundo, sobretudo na edição de 1990, na Itália, quando a seleção chegou às Quartas-de-Finais.
Nesta edição, na primeira fase, classificou-se em primeiro, mesmo estando em um grupo difícil com a depois vice-campeã Argentina - derrotada na primeira fase pelos camaroneses - e a União Soviética.
Depois de passar pela Colômbia na segunda fase- com direito a prorrogação - caiu diante da Inglaterra, também no tempo extra.

Além dos bons resultados e do ótimo futebol apresentada pelos camaroneses, que acabou encantando o mundo da bola, este mundial trouxe à mídia um grande atleta deste país: Roger Milla. Um autêntico "camisa 9", artilheiro, bom finalizador, e mesmo já contando 38 anos em 1990, foi autor de 4 gols naquele mundial. Milla foi elevado à categoria de herói nacional e ganhou o merecido reconhecimento em seu país de origem, uma vez que na Europa, sobretudo na França, já era um nome bastante comentado, principalmente depois de suas passagens por clubes como Mônaco, Montpellier, e sobretudo pelas passagens por Bastia e Saint-Étienne.
Milla em campo por Camarões

Roger Milla, 4 anos mais tarde, nos Estados Unidos, se notabilizaria por ser o jogador mais velho da história a jogar e a marcar um gol em Copas do Mundo, com 42 anos e 39 dias. Pena que os recordes foi alcançados na partida em que os camaroneses foram derrotados pelos russos por 6x1. Também é de pouco conhecimento que nesta mesma partida outro recorde em Copas do Mundo foi estabelecido: o de maior número de gols marcados por um mesmo jogador numa única partida: o russo Oleg Salenko. 
Também compunham o grupo de Rússia e Camarões, o Brasil - futuro campeão - e a Suécia, que acabou na 3ª posição do mundial de 1994.

Ainda assim, o feito de Milla ficou eternizado na história do futebol camaronês e o tornou um mito e um dos maiores jogadores de todos os tempos em seu país.

Depois disso, Camarões tem passado longe dos holofotes no futebol, principalmente na Copa do Mundo: participações apagadas, sendo eliminado na primeira fas
e em 1998, na França; 2002, no Japão e na Coreia do Sul; e 2010 na África do Sul. Em 2006, na Alemanha, nem mesmo conseguiu ficar entre os melhor do continente e classificar-se para o mundial.

Mesmo assim, conseguiu títulos continentais importantes nesse período, e chegou à final da Copa das Confederações em 2003, perdendo a final para os anfitriões franceses, na prorrogação.

Contudo, essa edição da competição ficou marcada pela morte do meio-campista camaronês Marc-Vivien Foé, durante o segundo tempo da semi-final, disputada contra a Colômbia. Foé sofreu um infarto fulminante em campo e, mesmo com as inúmeras tentativas de reanimá-lo, acabou falecendo pouco depois de chegar ao centro médico. 
Homenagem de colegas à Marc-Vivien Foé.
Foé foi homenageado por companheiros da seleção camaronesa na cerimônia da entrega de medalhas da Copa das Confederações. Além disso, Manchester City  e Lyon aposentaram o número da camisa com a qual o camaronês havia atuado nestes clubes (23 e 17, respectivamente).
Segundo reza a lenda, durante o intervalo, antes de voltarem para o gramado para disputar o segundo tempo daquela semifinal, Foé teria dito à seus companheiros: "Garotos, mesmo se for preciso morrer no gramado, nós temos que vencer esta semifinal".

Superada a tragédia, a seleção camaronesa vem ao Brasil em 2014 com esperanças renovadas e colocadas sobre seu grande herói/xodó/craque da história: Samuel Eto'o.
Maior artilheiro da história do país, maior artilheiro da história das competições africanas, com passagens consagradas por gigantes europeus como Barcelona e Internazionale, e recém-chegado ao Chelsea, Eto'o é apontado por muitos como o melhor jogador de futebol africano de todos os tempos.

Samuel Eto'o: a grande esperança camaronesa para 2014
Contudo, a fase de Eto'o na seleção, e do grupo todo de uma forma geral não é das melhores: discordâncias táticas entre jogadores e o treinador alemão Volker Finke; indícios de racha no elenco, causados pelo estrelismo excessivo de Eto'o...
Fato é que o elenco camaronês não é dos melhores, e deve sofrer para conseguir algo na Copa do Mundo. Além de Eto'o, poucos são os jogadores que merecem destaque. Alexander Song, que atualmente joga no Barcelona é uma das exceções: bom marcador, é alto e tanto pode atuar como zagueiro quanto como jogador de contenção no meio-campo. Além dele, o veloz lateral esquerdo Benoit Assou-Ekotto (que disse que detesta ver futebol), hoje no Queens Park Rangers, da segunda divisão inglesa. Também o centroavante Pierre Webó, do turco Fenerbahce, artilheiro, finalizador nato. Outro que atua no futebol da Turquia é zagueiro Aurelien Chedjou, titular absoluto do Galatasaray. Ainda há, o jovem e veloz Vincent Aboubakar, que atua na Ligue 1, pelo Lorient. E o goleiro Idriss Kameni: um dos poucos arqueiros do futebol africano que tem plena e total confiança de seus companheiros, treinador e torcida. Atualmente Kameni defende o Málaga, da Espanha.

Então, pela chave equilibrada em que caiu, Camarões pode ter chance de classificação na Copa do Mundo ao, confirmando-se o favoritismo do Brasil, disputar o segundo lugar do grupo com Croácia e México: equipes que estão num nível um pouco melhor em relação aos africanos, mas que podem ser superadas se os camaroneses conseguirem encaixar o grupo para a disputa do mundial.

O grupo de Camarões na Copa do Mundo: o Brasil de Neymar; a Croácia de Modric; Chicharito Hernández, do México; e o prórpio Camaronês Samuel Eto'o.













A neutralidade da Suíça

Quando mencionamos o nome "Suíça", a primeira coisa que vem à mente das pessoas, geralmente, são os famosos chocolates (mesmo em um país que não produz cacau); ou então a magnitude e a perfeição dos relógios que lá são confeccionados; ou ainda, a beleza e simpatia dos Alpes suíços, cobertos de neve; talvez até a imponência dos bancos ultra seguros, sigilosos e refinados.

Porém, puxando um pouco mais para o lado histórico, a Suíça notabilizou-se, sobretudo no cenário europeu, pela imparcialidade, ou melhor, pela neutralidade nos grandes momentos de crise que abalaram o continente na primeira metade do século XX: a I e a II Guerra Mundial. Conseguiu passar por estes conflitos sem "tomar parte", mesmo encravado numa região estratégica da Europa, entre a Alemanha, a Itália, a França, e o que na época era o Império Austro-Húngaro - hoje apenas Áustria.

Emblema da Federação Suíça de Futebol.
Mas essa imparcialidade também caracterizou e - em termos - ainda caracteriza o futebol suíço. Afinal, a seleção nacional nunca "fez mal a ninguém". O maior feito dos suíços foi na Copa do  Mundo de 2006, na Alemanha, quando conseguiram o feito inédito de passar toda a fase de grupos sem sofrer um gol sequer. Avançaram em 1º. lugar no grupo, na frente, inclusive, da França, mas nas Oitavas-de-Finais, mesmo tendo conseguido manter a defesa sem sofrer gols com a bola rolando, foi eliminada nos pênaltis pela seleção da Ucrânia.
Os únicos títulos conquistados pelos suíços foram nas categoriais de base, com um Campeonato Europeu sub-17, vencido em 2002, e uma Copa do Mundo, também sub-17, alcançada em 2009.

São títulos recentes, que comprovam a qualidade técnica dos jovens atletas formados no país, mas que também mostram uma deficiência e uma incapacidade de fazer estes garotos evoluírem e desempenharem todo seu talento conforme vão amadurecendo.
Esta deficiência é, em parte, explicada pelo baixo nível de qualidade do campeonato local que, apesar de concentrar times de tradição, são equipes que muito raramente conseguem algum resultado de maior expressão em competições europeias.

Contudo, aos poucos essa máxima vai se desfazendo, e os jovens suíços vão conquistando espaço no cenário europeu, atuando em grandes clubes, disputando bons e competitivos campeonatos, e conseguindo se destacar nestas competições. Dos jogadores que tem sido escalados constantemente como titulares nas últimas partidas, são muito poucos os que ainda atuam no Campeonato Suíço. A maioria está espalhada pela Europa, com destaque para a vizinha Alemanha, onde atuam boa parte destes atletas.

A começar pelo goleiro: uma das unanimidades da equipe, Diego Benaglio é sinônimo de segurança, tanto na seleção, quanto no Wolfsburg. Junto com ele, no clube alemão, joga o jovem lateral-esquerdo Ricardo Rodriguez, que apesar da juventude, já é titular da seleção.
Na outra lateral, a experiência de Stephan Lichtsteiner, titular absoluto da Juventus, o melhor time da Itália nos últimos anos. 
Shaqiri, jogador do Bayern de Munique
em partida pela Seleção Suíça.
Na defesa, o principal destaque é Johan Djourou, que depois de uma passagem não muito bem sucedida pelo Arsenal, da Inglaterra, vem mostrando melhor qualidade no campeonato alemão, pelo Hamburgo.

No meio campo, são várias as boas opções do consagrado técnico alemão Ottmar Hitzfeld - bi-campeão da UEFA Champions League, com Bayern de Munique e Borussia Dortmund (único treinador do mundo a vencer duas vezes esta competição com dois times diferentes, mas do mesmo país), várias vezes campeão alemão e suíço.
A começar pelo grande nome do time, Xherdan Shaqiri, que atua no melhor time do mundo: o poderoso Bayern de Munique. Preciso nos passes, veloz, bom finalizador e ambidestro, ainda não se firmou como titular da equipe alemã, apenas pela grande quantidade e qualidade dos jogadores desta posição no elenco bávaro.
Outros bons nomes do setor intermediário suíço são o jovem Granit Xhaka, hoje atuando no Borussia Mönchengladbah; os experientes Gokhan Inler, Blerim Dzemaili e Valon Behrami, que atuam juntos no Napoli, da Itália; além do canhoto Valentin Sotcker - um dos poucos que atuam no futebol suíço - do tradicional FC Basel.

Já no ataque, as opções mais usadas pelo comandante são Admir Mehmedi, do Freiburg; Eren Derdiyok, do Bayer Leverkusen; Josip Drmic, do Nuremberg - todos jogando na Bundesliga; além de Haris Seferovic, do espanhol Real Sociedad.

Essa nova geração, bastante talentosa, vem superando as crises que apontavam a Suíça como uma equipe que só sabia se defender, que apresentava um futebol fechado e retrancado. E tem feito isso sem, no entanto, deixar a desejar no setor defensivo.
Não à toa, esteve entre os oito melhores no ranking da FIFA em Novembro de 2013, classificando-se para a Copa do Mundo no Brasil como um dos "cabeça-de-chave".

No sorteio, teve relativa sorte ao enfrentar uma seleção fraca, que é a de Honduras, mas acabou tendo azar ao ter de encarar os perigosos e velozes equatorianos, além da tradicional seleção da França.
Tem boas chances de classificação, e pode ir longe, sobretudo com o elenco que possui. Mas acredito muito pouco que possa surpreender alguma das seleções consideradas favoritas.