sábado, 5 de outubro de 2013

O futebol reflete a sociedade

Hoje mais cedo, em partida válida pela rodada do fim de semana da Série B do Campeonato Brasileiro, vimos um bom duelo entre o líder e todo poderoso Palmeiras, e o pequeno, mas em grande ascensão, ABC de Natal, com direito a duas viradas e vitória do time potiguar - jogando em casa, por 3x2. Contudo, o resultado do jogo foi o menos importante, tendo em vista todos os ocorridos antes da bola rolar. O estádio da partida, Estádio Maria Lamas Farache - conhecido com Frasqueirão - é de propriedade do próprio ABC e onde regularmente o time manda seus jogos. O empreendimento é relativamente novo, tendo sido inaugurado em 2006. Sua capacidade máxima, segundo registros é para 18.000 pessoas, embora as informações da própria diretoria acabem distorcendo estes dados. Segundo a diretoria do ABC, atualmente cabem 16.500 espectadores. Para esta partida contra o Palmeiras, também há controvérsias sobre o número de ingressos colocados à venda - o que por si só já é um fato relevante. Os números giram entre 15.000 e 16.000. Todavia, o que pudemos ver foi a superlotação, não só das arquibancadas, mas de todas as dependências do estádio, inclusive com torcedores precisando pular o alambrado, e ficar na beira do gramado de jogo, fugindo do tumulto e de acumulação excessiva de pessoas num espaço insuficiente para tamanho contingente de público. Estima-se que mais de 20.000 pessoas estavam no Frasqueirão hoje, na hora do jogo. Os motivos que podem ser apontados para tamanha dissonância entre a capacidade do estádio e o número de pessoas presentes? São muitos. Vão desde a entrada irregular de pessoas "convidadas" para o jogo, geralmente pelos patrocinadores, sem ingresso, passando por possível falsificação de entradas, bem como o mais provável dos motivos: a venda de mais ingressos do que a real capacidade de acomodação do estádio. Mais do que nunca vemos como o futebol, a paixão da maioria dos brasileiros, reflete sua atual sociedade: muitos poucos tentam, a todo custo, sem qualquer escrúpulos, ganhar dinheiro às custas de uma maioria inferiorizada financeiramente; as iniciativas públicas atingem uma minoria de interessados, e em grande parte são "para inglês ver"; a massiva maioria da população segue sem condições de desfrutar das "maravilhas da Copa do Mundo", e os clubes, quando possuem alguma estrutura, tem apelado a situações como esta vista hoje, em busca de alguma condição financeira, visto que a CBF não lhes proporciona tal condição. E, como sempre, quem mais sofre com essa abusividade financeira, são os idosos, as crianças, as mulheres, presentes para prestigiar o espetáculo, e que, em alguns casos, chegaram a passar mal pelo sufoco, pelo "assardinhamento" de pessoas dentro daquele estádio. É triste a realidade do futebol brasileiro "sub-Copa do Mundo", assim como é triste a realidade brasileira "sub-pontos turísticos". Mas o que importa? Ano que vem tem Copa do Mundo!

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