terça-feira, 30 de abril de 2013

A Teatralização do esporte


O futebol, desde há algumas décadas, tem se tornado o esporte das multidões! Clubes e mais clubes, com centenas, milhares, milhões de torcedores, que gostam, assistem e frequentam os estádios para apoiar suas grandes paixões, o time pelo qual eles torcem.
E as torcidas, apaixonadas, vibram torcem, cantam e muitas delas encantam seus admiradores. E não adianta dizer que não: quem vai ao estádio vai movido pela emoção de torcer!

Por outro lado, quando as pessoas vão a um teatro, vão para assistir, não para torcer! Neste recinto o ideal é o silêncio. A atenção ao máximo. A estabilidade e o absoluto respeito ao espetáculo.
Por que misturar as duas cosias?
Por que querer impor aos torcedores normas de vivência e de comportamento de meros espectadores?
Porque impedir que a  torcida viva, pulse, , vibre, comemore?

É patética essa tentativa de impor uma falsa civilidade àqueles que vão ao jogo para demonstrar seu amor aos clubes.
Tome-se, por exemplo, as torcidas inglesas. Claro que o retrospecto do Hooligans fez com que as autoridades tomassem as medidas cabíveis. Contudo, é deprimente ver aqueles marionetes, sentados, com cara de alface, que levantam e abaixam os braços, de acordo com o que a (falta de) emoção exige. Tanto é que o grande Old Trafford, estádio do campeão inglês – Manchester United – é conhecido como “O teatro dos sonhos”.
Hey! É um estádio de futebol! Com torcedores, não um teatro com expectadores estáticos.

É o que tem acontecido com a torcida do Grêmio, na nova Arena. Uma torcida apaixonada, que sempre foi reconhecida pelo seu entusiasmo, pela sua dedicação ao clube.
Esta mesma torcida se vê hoje impedida de torcer, praticamente, sem avalanche, sem a área da famosa Geral do Grêmio, sem poder ficar em pé, sem poder tirar a camisa como gesto de vibração. São todas atitudes recriminadas pela OAS, empresa responsável pela construção da Arena, e responsável pelo erro de cálculos da barreira de contenção da área da avalanche, causando o terrível acidente, três meses atrás.

Ou seja, paga-se caro por um ingresso, visto que a área de preços populares – a Geral – está interditada, e mesmo assim não se pode torcer, só se pode assistir ao jogo?
Não, muito obrigado! Se fosse para ser um mero expectador, ficaria vendo o jogo em casa, pela TV, com conforto e comodidade.

Pena que estes responsáveis não veem o campeonato alemão, um dos melhores da Europa e do mundo, com dois clubes praticamente na final da Liga dos Campeões da UEFA, cujas torcidas são liberadas para... Torcer! Magnífico, não? E com isso as torcidas lotam os estádios, superando bem a média de quinze mil expectadores do campeonato brasileiro.

O Borussia Dortmund, que surpreendeu o mundo ao golear o Real Madrid, tem a maior “Geral” do mundo, em, que os torcedores pagam preços acessíveis, podem ver o jogo em pé, pulando, cantando, e vibrando com seu time, enfim... Torcendo! Incrível não?
Isso prova que a linha tênue entre torcida e bagunça pode ser muito bem administrada sem repressão e sem a teatralização da torcida, afinal, a trupe de atoes já está dentro das quatro linhas!

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